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quarta-feira, 9 de março de 2011

Afinal ...

O que é arte?
A relatividade da beleza.

De quantas ações  com intenção estética é feita a vida? 
As roupas que escolhemos para nos cobrir, nosso penteado e nossa gestualidade não expressam nosso estado de espírito e a imagem que queremos vestir publicamente?  E a maquiagem, o andar e o olhar não servem de máscaras que, escondendo e disfarçando, revelam uma maneira peculiar de nos colocarmos no mundo?
De quantas decisões de caráter estético são feitas as mais simples escolhas? A cor que nos identifica, o balanço do corpo com que nos locomovemos, a música que embala nossos sonhos, a entonação que damos à voz quando queremos nos aproximar de alguém, a maneira como desfilamos por entre as pessoas, tudo isso constitui um mundo de significados e símbolos estéticos  que possibilitam a expressão de mil mensagens que trazemos dentro de nós.
Assim, somos uma fonte inesgotável de sentidos estéticos, tão inerentes à nossa identidade como o nome de nascimento. De forma tão instintiva como respiramos, vamos organizando, desde o nascimento, uma maneira própria de perceber e apreciar o mundo, através da descoberta contínua e permanente de suas propriedades estéticas.
A arte penetra em nós através da porta da sensibilidade, mantendo aberto esse canal com nossa natureza mais instintiva e profunda. A cada momento de arte nos tornamos mais aptos à captação da beleza do mundo e de seus significados.
É fonte inesgotável de interpretação e sentido. E, mesmo mantendo laços estreitos com seu tempo e seu espaço, a arte atravessa a história e se apresenta virgem a novas interpretações.
Ela registra tudo o que os artistas de todos os tempos quiseram comunicar e deixar inscrito em papel, pedra, pele de animais, argila, vinil ou celulose, aos seus contemporâneos e à posteridade – milhares de mensagens que constituem uma memória
Dentre as características mais importantes da arte, destacamos a emoção e o prazer que ela desperta e que alguns filósofos identificam como o prazer do belo ou prazer estético. Trata-se do prazer que sentimos ao apreciar uma música, uma pintura, uma foto, uma dança... Um prazer diferente daquele que sentimos quando dormimos bem ou comemos uma comida especial. O prazer que a arte desperta vem da forma das coisas, do som, do colorido, do ritmo, da maneira como nós percebemos essas coisas.
O que faz a gente sentir essa emoção diante de uma música e não de outra, de uma imagem e não de outra, tem a ver com o que se viveu na infância, com o que se aprendeu em casa  ou na escola.  E também com o que se é, com nosso temperamento.  Tudo isso nos faz  sensíveis a determinadas linguagens e acertas soluções plásticas, visuais ou musicais.  Isso explica por que nem todos acham as mesmas coisas belas, nem são sensíveis aos mesmos efeitos. A emoção artística depende, portanto, da sociedade em que se vive, da região, do tempo e das pessoas com quem convivemos.
Aos poucos vamos desenvolvendo uma forma própria de apreciar esteticamente o mundo que nos rodeia.
O prazer do belo depende também de nosso estado de espírito. Se estamos alegres, ficamos mais sensíveis às obras de arte que nos transmitem alegria. Se, ao contrário, estamos tristes, nos emocionamos mais com as músicas ou imagens que parecem estar sintonizadas conosco, reproduzindo nosso humor ou nossas emoções.
Algumas pessoas erroneamente pensam que só as imagens graciosas e as músicas alegres são capazes de encantar as pessoas, mas isso não é verdade. Muitas vezes uma imagem ou uma música emocionam justamente porque são fortes e violentas.
A beleza não é um valor universal, o que é belo para você  pode não ser para o outro, de outra idade, outra cultura, outro sexo ou outro temperamento. Aquilo  que o emociona num determinado dia pode  não parecer tão belo alguns dias depois, quando você  estiver em outro estado de espírito, ou tiver visto ou ouvido outras coisas. A melhor maneira de se apreciar a arte, é estar atento para o prazer que ela dá e tentar perceber o que o causa e de onde vem esse prazer.  Tornamo-nos então conscientes da beleza e daquilo com o que nos identificamos cultural e emocionalmente, isto é, tornamo-nos conscientes do nosso gosto.
A própria história da arte, procurando definir os diversos movimentos estéticos da arte ocidental, tem posto em evidência a variabilidade dos princípios estéticos e das tendências dos artistas de uma época para outra. No Renascimento os artistas procuravam resgatar valores da Antigüidade como a simetria e o equilíbrio. No Barroco, movimento seguinte, exploravam-se as curvas e o movimento.
A beleza vem também da sensação de conseguirmos ver o mundo da maneira que pensamos ter sido a intenção do artista. O belo se constitui, assim, tanto por uma emoção despertada como por sua correspondência com uma idéia transmitida.
Muita gente pensa que o belo deve necessariamente ser harmonioso, agradável, saudável e alegre. Escolas posteriores ao Classicismo, entretanto, defenderam o princípio de uma beleza que pressupõe o agressivo, a desarmonia e até o disforme. Os artistas mostraram que, muitas vezes, a desordem e o desequilíbrio são mais capazes de transmitir emoções e estimular o pensamento crítico do que as composições que procuram submeter a realidade a um ideal.
A arte e o belo não são , portanto, conceitos universais. Confie na emoção que as coisas, as paisagens, as palavras e os sons despertam em você .

Bibliografia:  Questões de Arte – o belo, a percepção estética e o fazer artístico
                       Cristina Costa

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